Podes falar-me um pouquinho sobre ti?
O meu nome é Vânia Teixeira Queirós, tenho 38 anos e sou de Braga. Sou
casada e
tenho 1 Filho de 7 anos. Trabalho actualmente como assistente administrativa.
Diz-me várias coisas de que gostas
Gosto de mimos, de pessoas que não tenham medo de ser
abraçadas e de abraçar sem
razão aparente; de pessoas que olhem nos olhos e
sorriam com eles. Gosto de
cozinhar para a família e amigos; de receber gente
em casa; de estar em casa no sofá a
ver um filme (até adormecer!). Gosto de
filmes que me façam rir… ou chorar! Gosto de
comer; de um bom vinho; de um bom
restaurante; de experimentar coisas novas; de rir
(muito!); de reconhecimento;
de trabalhar; de fazer coisas com as minhas próprias
mãos. Banhos de mar;
passear na praia; pessoas; andar nua, dormir nua, massagens,
sexo (massagens no
sexo então é do melhor!), memórias de dias felizes…
Tens uma presença tão forte, parece que levas tudo à frente! Onde vais
buscar a
tua força?
Acho que ao equilíbrio e estabilidade familiar. Conheço-me bem e isso
também é um
ponto forte porque sei exactamente como vou reagir a cada situação.
O sorriso é a
minha arma preferida e por vezes sei que é uma arma letal!
Diz-me várias coisas de que não gostas
Não gosto de não ter planos. Não gosto de sair do
plano inicial traçado (tenho
dificuldade em reagir em caso de mudança de
planos). Não gosto de falhar. Não gosto
de pedir. Não gosto de comidas com
muita gordura. Não gosto de cerveja. Não gosto de
ver televisão. Não gosto de
fazer compras (eu sei, eu sei… todas as mulheres gostam!).
Não gosto de receber
flores de presente (ou qualquer outra coisa sem utilidade prática).
Não gosto
da preguiça (a minha inclusive e sobretudo!)
O que pensas sobre o movimento feminista?
Penso sobretudo que não deveria ser necessário. Tudo era mais fácil se
não fosse
necessário criar movimentos disto ou daquilo para que os problemas se
resolvessem.
Algumas pessoas exageram na dose de comprometimento com movimentos
até se
tornarem fanáticas e isso deixa-me triste.
Consideras-te uma pessoa feminista?
O quanto baste. Não pertenço a qualquer movimento nem
entro em discussões
desnecessárias com ninguém por assunto nenhum. Mas tenho um
certo gozo em ver
mulheres a ocupar lugares de destaque em todas as profissões
e cargos.
Já passaste por algum problema de foro depressivo?
De certa forma sim. Não tive muito tempo para pensar no assunto porque
estava
demasiado comprometida com muitas coisas, mas houve um ou dois assuntos
familiares que me deixaram um pouco deprimida, num dos casos com recurso a
relaxantes receitados pela médica de família.
Como conseguiste ultrapassar os teus fantasmas?
Só o tempo ajudou a superar o impacto de uma mudança radical. Como foi
uma
questão de saúde grave do meu marido (na altura namorado) tive que ter
força para
mim e para ele, sobretudo para que ele não se apercebesse da minha
angústia.
Foi difícil?
Olhando agora para trás acho que foi um processo natural em que todos os
que
gostavam verdadeiramente de mim ajudaram como podiam. Houve grandes
revelações
nessa fase da minha vida. Umas boas… outras nem tanto assim. Mas
aprende-se com
a vida! E só assim é que construímos a nossa “muralha segura”.
Só assim sabemos
quem está realmente do nosso lado.
Achas que a sociedade está preparada
para aceitar os nossos problemas
internos, aqueles que não se vêm?
Não. Não está! Sobretudo por preconceito. Há uma grande dificuldade em
encarar
terapias alternativas (Reiki, Massagem, Meditação, Acupuntura e outras)
como solução
não química para esse tipo de problemas. Também acho sinceramente
que a forma
como estamos a educar as novas gerações não ajuda muito a evitar os
problemas de
foro depressivo. Pior, promove-os! E isso não está a ser
valorizado.
Como consideras ser a tua auto estima?
Tem dias! Como em tudo na vida. Não vivo muito mal comigo e com aquilo
que sou. Só
acho que ainda dou demasiado valor ao que os outros pensam e dizem
sobre mim e
isso é um problema. Devia ser mais desligada disso.
Alguma vez tiveste problemas com o teu peso?
Sempre tive problemas em controlar o danadinho! Desde
muito jovem vivi em dietas e
grandes lutas para mudar hábitos e perder peso. Experimentei
várias soluções,
medicações e métodos. Gastei muito dinheiro com isso. Estabilizei
um pouco o meu
peso após o nascimento do meu filho, talvez por amamentar, mas a
idade não perdoa e
vivo em constante luta com ele. Na maior parte das vezes
privo-me de muitas coisas
para tentar controlar… Há dias em que não consigo….
Sigo na luta! Sempre sorrindo
Achas que isso aconteceu porque tu
própria não te sentias bem, ou porque a
sociedade te impunha a ideia de que não
estavas bem?
A sociedade é um cabra! Mas a maior
parte das vezes sou eu que não me sinto bem.
Não me sinto saudável, sobretudo.
É certo que deixar de caber num 40 afeta. E a partir
de algumas idades afeta
muito mais…
Quem desvaloriza mais as mulheres?
Os homens ou as outras mulheres?
Na minha idade as outras mulheres, sem dúvida! Na minha idade os homens
preferem
alguém que se conheça e se aceite e não está minimamente preocupado
com celulite,
estrias ou kilos a mais. Em contexto profissional, e como a
maioria das chefias são
homens, a desvalorização nota-se mais. Neste caso não
propriamente em relação a
aspectos físicos, mas sobretudo não nos dão o valor
merecido e não aceitam que
possamos ser melhores do que eles em determinadas
tarefas. No que diz respeito a
salários e recompensas, as mulheres ficam sempre
prejudicadas.
A beleza de uma mulher está em...?
Se aceitar. Se assumir. Valorizar o que tem de melhor
e não passar o tempo a queixar
se do que não tem. Não viver em função de
ninguém e não precisar de ninguém para
ter o que precisa.
Já tiveste algum episódio marcante
em que tenhas sido descriminada por seres
mulher? Conta-me como foi.
Alguns sim. Cada um com o seu contexto, mas nenhum me marcou de forma
negativa e
irreversível. São aquelas histórias que ficam para sempre, mas que
nem merecem a
referência porque não são importantes.
Uma mulher é feita de momentos, quais
foram os melhores momentos da tua
vida?
O dia do meu casamento. Inesquecível para sempre, independentemente do
rumo da
minha relação. O dia em que nasceu o meu filho (mais um cliché
inevitável). O dia em
que comecei a trabalhar pela primeira vez. A primeira
viagem de avião. A viagem
inesquecível a Amsterdam. E outros quantos assim mais
íntimos e privados (daqueles
que fazem corar até os mais atrevidos!)
Uma frase que te descreve?
Uma mulher diferente, que pensa fora da caixa e que precisa de muito
pouco para ser
feliz!
Este é o depoimento da Vânia, ela deixou um beijinho enorme a todas vocês!
Se tu também lidas com algum problema problema depressivo, de peso/saúde, transtornos alimentares, problemas de enquadramento social, ou se és simplesmente uma mulher que defende os direitos das outras mulheres não deixes de partilhar o teu depoimento comigo através do email geral@vintagegirl.pt ou no facebook https://www.facebook.com/vintagegirl.pt .
Olha adorei! Eu gosto muito de conversar e conhecer pessoas e as suas histórias, e senti-me como se estivesse ao vosso lado a ouvir a conversa. Uma entrevista simples, sincera e sem rodeios!! Muito bom! Não conhecia o teu blog, ganhaste mais uma seguidora.
ResponderEliminarBeijinho
https://catilagaspar.blogspot.pt/
Obrigada querida, é mesmo isso que pretendo: colocar-me ao lado de quem lê e mostrar que todas somos feitas do mesmo.
EliminarUma beijoca.
Gostei da entrevista, a Vânia transmite força e energia nas suas palavras :)
ResponderEliminarEla é uma mulher muito inspiradora, obrigada linda.
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